O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, uma comédia francesa (bastante leve) de 2002, com um elenco de peso, e um roteiro apaixonante. Tudo que precisava pra despertar a poesia em mim, nesta tarde de finados. Vou tentar retratar minhas impressões sobre os personagens, tentando ao máximo evitar dar spoiler, do que para mim, é o melhor filme do mundo.
Me identifico muito com Amélie, uma verdadeira lunática, nos nossos dias. Talvez por isso goste tanto do filme, por isso me emociona tanto seus trechos em tons de sépia. A história toda se passa numa vila, com personagens bastante caricatos e engraçados, os franceses quando querem tem um grande senso de humor e, principalmente, nunca perdendo a sensibilidade.
Uma postura amena de vida junto, a um desejo genuíno de ajudar as pessoas, poderia descrever nossa querida protagonista, mas é muito mais que isso. Amélie é uma sobrevivente, uma sobrevivente da vida triste e solitária de uma filha única de pais problemáticos, super protetores e rígidos.
Uma sobrevivente da solidão. Uma sobrevivente de si mesma, alguém que só tinha o desejo de ser junto a alguém, um amigo, um irmão. Algum par, um igual. Essa solidão lhe deu algumas vantagens, enquanto muitos lhe são desesperados por alguém, Amélie aprendeu a gostar de si, estar bem, mesmo que só.
Talvez a grande sacada da mesma foi perceber a magia do cotidiano, os pequenos prazeres que vem da observação, do toque, das sensações. Aqueles prazeres que não custam dinheiro. Algo que sempre me questiono, será que o dinheiro é realmente importante, até que ponto, nossas vidas devem ser moldados pelo valor monetário?
O grande problema de nossa heroína, é o medo emocional, mesmo apaixonada, a mesma se sente amedrontada com o fato de que outra pessoa lhe atrapalhe o status que já havia conseguido. Se fechar ao mundo é muito mais simples que se abrir, o sim é muito difícil, o não é conhecido. Como criar coragem para renunciar a seus velhos comportamentos? Como sair de suas velhas estruturas? Como reconhecer num não-eu (sempre Psicanálise) as características de uma vida boa?
O filme trata de quebra de paradigmas pessoais, de uma personagem que exala poesia nos poros, que sorri com o olhar e mostra que o bem (e o bom) é uma questão de escolha.
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